sábado, 8 de maio de 2010

A Aguia e o Pombo

A ÁGUIA E O POMBO


Certa vez, duas divindades benevolentes, Taishaku e Bishamon, estavam conversando, Taishaku disse:





- Meu amigo, como você sabe, existem muitos governadores de países neste mundo. Qual desses reis você acha que é o mais benevolente e compassivo?





Bishamon pensou um pouco. Era uma pergunta difícil que não admitia resposta imediata. Logo depois, respondeu:





- Algumas pessoas dizem que o rei Shibi tem uma reputação extremamente boa.





Taishaku reclinou-se e disse:





- Sim, eu também ouvi a mesma coisa. Ele trata a todos com a mesma benevolência que mostra com seu próprio filho.





Taishaku então sugeriu:





- O rei Shibi nunca foi desafiado. Sabemos de sua reputação somente através de palavras, e por isso acho que seria bom fazer um teste. Sugiro fazer o seguinte: porque você não se transforma num bonito pombo e voa diretamente aos braços de Shibi, como se estivesse fugindo de alguma coisa, enquanto eu o persigo disfarçado em águia, fingindo estar à sua caça? Mostre-se extremamente cansado e farei como se estivesse pronto para fazer de você o meu almoço. Assim, podemos verificar se os rumores sobre a sua benevolência e compaixão são de fato verdadeiras.



O rei Shibi estava andando em seu jardim, quando um pombo repentinamente caiu esvoaçando em seus braços. Uma águia irada e feroz girou em cima e pousou num galho próximo ao rei. Ela olhou para o rei e gritou:





- Dê-me esse pombo!





O rei balançou levemente a cabeça:





- Há muito tempo que jurei que seria sempre benevolente com os seres vivos. E por isso não posso dar-lhe de volta. Realmente, sinto muito.





A águia então disse:





- Que juramento idiota! Mas, caro rei, se suas palavras são verdadeiras, então deverá ter piedade de mim, pois sou um ser vivo. Tenho que me alimentar, você sabe, e não como há dias. A menos que me dê o pombo agora, ficarei muito fraco para apanhar outro. E então morrerei com certeza. O que você diz?





O rei queria sinceramente salvar a vida do pombo, mas também teve pena da águia. Portanto, resolveu dar-lhe um pedaço de sua própria carne com o mesmo peso do pombo. Então puxou da sua espada e cortou um pedaço da coxa. Colocou-o num dos pratos da balança do castelo, e o pombo no outro. O rei olhou para a águia e disse-lhe:





- Ouça bem, eu lhe darei minha própria carne se salvar a vida deste pombo.



A águia concordou, mas uma coisa estranha aconteceu. A balança mostrou que o pedaço considerável de sua própria carne estava mais leve que o pombo. O rei ficou perplexo, mas continuou a cortar mais a sua carne. Desafortunadamente, o peso ainda continuava menor que o do pombo. Ele continuou cortando seus membros um a um, mas não conseguia igualar o peso do pombo.





Finalmente, a águia disse:





- Sua Majestade, evidentemente seus esforços são inúteis. Por que não poupa tanta dor e tristeza, dando-me o pombo? - e então reprimiu severamente o rei pela tolice.





O rei, entretanto, recusou categoricamente. Já estava habituado a tais críticas, e disse ao adversário:





- Este sofrimento é pequeno quando comparado com os do inferno, Mas nem mesmo o sofrimento do inferno pode fazer-me parar agora! Jurei ser benevolente e compassivo com todos os seres vivos. Farei tudo para salvar este pombo, mesmo que isso me custe a vida.



De repente a terra tremeu com violência e flores caíram do céu, e outras nasceram de árvores secas, e várias divindades vieram de longe. Elas elogiaram então o rei:





Ele daria sua própria vida.





Até mesmo para salvar um pequenino pombo.





Ele pouparia sua preciosa vida.





É verdadeiramente a compaixão de um Bodhisattva.





Seu coração merece certamente o elogio do Buda.





Bishamon, o pombo, tomou então a sua forma original e disse à águia:





- Taishaku, a grande benevolência do rei, é sem dúvida verdadeira! Ferimos o corpo de um precioso Bodhisattva. Depressa, use seus poderes para salvá-lo!





Taishaku perguntou:





- Grande rei, não se arrepende de ter sofrido tanto pelo seu juramento?





E o rei respondeu:





- Envolvido pela benevolência do Buda não posso sentir senão alegria profunda. Por que deveria arrepender-me?





Taishaku ouvindo tais palavras, pensou em seu coração: "As pessoas estavam certas. Que maravilhoso rei!".





E então aplicou remédio divino ao rei, recuperando seu corpo ferido.








                                                 

A Casa em Chamas


A PARÁBOLA DA CASA EM CHAMAS


Capítulo Hiyu do Sutra de Lótus

De acordo com esta parábola, certa vez havia um homem rico que tinha uma grande quantidade de terra e muitas casas e serventes. A sua riqueza era imensurável.





A sua mansão era suficientemente grande para quinhentas pessoas viverem confortavelmente. Contudo, a casa estava se tornando velha. Suas vigas, paredes e pilares e base estavam se tornando decadentes, começando a cair em pedaços.





Os filhos do rico, contudo, gostavam de brincar nesta decrépita casa. Um dia irrompeu um incêndio e propagou-se rapidamente por toda a casa, mas os filhos estavam totalmente absortos em brincadeiras, e não tinham a mínima idéia de que havia um incêndio.



O milionário viu isto e gritou aos seus filhos: "Fogo! Fogo! Saiam rapidamente, antes que morram queimados! Rápido!" Contudo, os filhos estavam tão entretidos na brincadeira que não ouviam o aviso do pai, realmente não compreendiam o que ele queria dizer com estar em perigo.



O pai estava fora de si, mas como os filhos não o ouviam, decidiu usar uma tática especial. Lembrando-se de que seus filhos gostavam de coisas curiosas e raras, gritou-lhes: "Tenho algumas coisas raras e maravilhosas para vocês. Se não vierem para receber, mais tarde se lamentarão. Fora da casa tenho algumas belas carretas: uma puxada por um carneiro, um por um veado e uma por um boi.





Poderão brincar com elas até se satisfazerem completamente. Agora saiam e eu as darei a vocês."



Quando ouviram a promessa do pai, os filhos apostaram entre si para ver quem seria o primeiro a sair da casa em chamas. Eles disseram então ao pai "Por favor, dê-nos a carreta, de carneiro, de veado e de boi como prometeu.





"Assim, o rico deu a cada um dos filhos uma carreta que, na realidade, era mais bonita do que as que esperavam. Cada uma das suas carretas era puxada por um grande boi branco e decorada com sete espécies de materiais preciosos.





Elas eram bem maiores e mais bonitas do que qualquer uma das prometidas. O pai observou os filhos desfrutando das suas novas carretas e pensou consigo mesmo:





"Minhas riquezas são imensuráveis e amo todos os meus filhos igualmente. Não posso lhes dar veículos inferiores. Tenho riquezas suficiente para dar carretas de boi branco a todas as pessoas no meu país; portanto, certamente darei as mesmas aos meus próprio filhos."



EXPLANAÇÃO

Esta parábola é repleta de implicações, e Sakyamuni subseqüentemente revela o que significa. A casa em chamas significa este mundo. Os filhos brincando na casa em chamas são as pessoas no mundo que sofrem nas chamas dos desejos. O rico representa o Buda que aparece no mundo em chamas para salvá-las.





O Buda usa de vários meios para salvar os seus filhos queridos das chamas do sofrimento. Na parábola, o rico usou as três espécies de carretas como um meio para salvar os filhos do incêndio.





Nos ensinos do Buda, as três carretas representam os três veículos da Erudição, Absorção e Bodhisatva. Sakyamuni tinha exposto os três veículos como metas da vida antes que seus filhos fossem capazes de ouvir o Sutra de Lótus.





Com os ensinos dos três veículos, Sakyamuni gradualmente fez as pessoas adquirirem a capacidade de crer e compreender o Sutra de Lótus.



No fim o Buda foi capaz de dar a seus filhos a carreta do grande boi branco, que indica o supremo veículo do Estado de Buda, Isto é, o próprio Sutra de Lótus.





Nos Últimos Dias da Lei, o supremo veículo é o Gohonzon das Três Grandes Leis Secretas - o veículo capaz de levar todas as pessoas do mundo a iluminação.





O que é especialmente notável a respeito da parábola acima mencionada e o fato de que a vida diária do homem é comparada a brincar numa casa em chamas.





Os filhos brincavam totalmente despercebidos do incêndio, e mesmo quando o pai lhes advertiu sobre ele, não compreenderam o que queria dizer. Isto simboliza o fato de que as pessoas absortas em busca dos prazeres imediatos que não podem ver os inevitáveis resultados das suas ações.





Elas não compreendem que a lei da causa e efeito governa toda a vida e fazem desesperados esforços para ter lucro, poder e fama.





Contudo, elas estão somente criando o carma que as levará ao arrependimento a longo prazo. Embora a parábola tenha sido contada às pessoas da Índia antiga há muito, dá-nos uma notável e precisa descrição da vida de hoje.






                                                 

A Harpa Afinada do Bom Senso


                                     
                                           


A HARPA AFINADA E O BOM-SENSO NA VIDA


Sutra Mahaparinirvana

Era uma vez um jovem chamado Srona, de delicada saúde, e que nascera em uma rica família. Como, seriamente ansiasse obter a iluminação, tornou-se um discípulo do Buda. Com este propósito, dedicou-se e se esforçou tanto que seus pés chegaram a sangrar.





O Buda dele se compadeceu e lhe disse : "Srona, meu jovem, você já estudou harpa ? Pois então deve saber que a harpa não produz música se suas cordas estiverem muito esticadas ou então frouxas demais. Ela produzirá música somente quando as cordas estiverem corretamente estiradas."





E o Buda continuou : "O treinamento para a iluminação é exatamente como o ajuste das cordas da harpa. Você não pode alcançar a iluminação se deixar as cordas de sua mente estiradas ou frouxas demais. Deve estar sempre atento e agir sabiamente."





Tirando grande proveito destas palavras, Srona alcançou aquilo que procurava.



Preciosa Colaboração de Marcio Barros - RJ



O REI HONESTO

Há muito tempo atrás o mundo foi assediado por uma terrível crise. Um mau demônio chamado Rei Kalmasapada tinha decidido usar suas forças terríveis para tomar o mundo e tinha desenvolvido um plano atroz para realizar seus objetivos.





Ele sentiu que se pudesse se apoderar e aprisionar todos os governantes do mundo e tomar todos os seus domínios, suas forças e autoridade sobre a humanidade seria completa.



Naquela época o mundo estava dividido em cem estados, cada um dos quais governado por um rei. O Rei Kalmasapada. Deveria descer rapidamente a algum rei que não suspeitasse enquanto este estivesse cavalgando e levá-lo ao seu castelo - o topo de uma montanha muito alta.





Deste modo, ele capturou noventa e nove reis e estava mantendo-os cativos num calabouço do seu castelo. Ele agora fez preparativos para capturar o último rei ainda em liberdade, um homem chamado Srutasoma.



O Rei Srutasoma era uma pessoa extremamente virtuosa que era profundamente amado pelos seus súditos.





Era bem conhecido, e respeitado pela sua honestidade, e era muito orgulhoso do fato de que nunca tinha contado uma mentira ou falhado em cumprir uma promessa durante a sua vida inteira.





Era um governante forte e capaz, que governou o seu domínio com imparcialidade, e o povo prosperou sob o seu governo. Era também um firme seguidor do Budismo que baseou o seu governo nos principios da Lei Budista.



Urn dia o Rei Srutasoma estava para deixar o seu castelo em sua biga numa missão especial. Exatamente então, um bonzo pobremente vestido aproximou-se dele pedindo doações.





Srutasoma teve pena dele e disse-lhe para se encontrar com ele no seu castelo mais tarde nesse dia, quando retomaria da sua viagem. Srutasoma prometeu ao bonzo que lhe daria então, uma gema preciosa.



O Rei Srutasoma, contudo, não sabia que o Rei Kalmasapada estava observando todos os seus movimentos.





Kalmasapada agora tinha somente que capturar Srutasoma e ter sob seu controle o mundo completo, e assim estava escondido, esperando-o pela melhor ocasião para atacá-lo. Ele observou o encontro com o bonzo e decidiu lançar-se a sua caça logo que ele estivesse na estrada.







O Rei Srutasoma estava tentando decidir qual das suas gemas daria ao bonzo quando Kalmasapada desceu de sua biga e tomou-o cativo. Kalmasapada imediatamente levou-o cativo ao seu castelo no topo da montanha e estava para encarcerá-lo com os outros noventa e nove reis.





Contudo, como notou que Srutasoma estava gritando aflitamente, Kalmasapada indignadamente perguntou-lhe qual era o assunto.





Srutasoma respondeu: "Hoje encontrei um bonzo e prometi-lhe que lhe daria uma gema quando retornasse à noite. O bonzo ficará esperando lá toda a noite e pensará que sou um terrível mentiroso se eu não aparecer para cumprir a minha promessa.





Não importo muito pela minha liberdade pessoal e segurança, mas há muito tempo jurei que nunca contaria uma mentira nem falharia em cumprir um promessa.É por isso que estou tão terrivelmente transtornado."



Kalmasapada perguntou ao seu prisioneiro: - Se deixá-lo livre por sete dias sob a condição de que retornará aqui imediatamente após esse período, prometerá retornar?" A face de Srutasoma brilhou imediatamente. Ele respondeu: "Sim, senhor, retornarei. Sou um homem que sempre mantém a sua palavra e dou-lhe minha palavra pessoal de que retornarei sem falta."





Assim, Kalmasapada deixou-o ir. Srutasoma então retornou no seu castelo e, como tinha prometido, deu ao bonzo a sua gema. Ele dispendeu vários dias muito ocupado confiando ao seu Príncipe Herdeiro e ministros o seu reino.





Como seu último presente, distribuiu uma grande quantidade de jóias a todos os seus súditos. Ele então estava para deixar o seu castelo quando foi impedido por alguns de seus ministros que o incentivaram a não retornar ao castelo de Kalmasapada:





"Kalmasapada é um tirano terrível e sua meta é tomar este país. O senhor é um grande rei e temos necessidade do seu excelente governo. Por favor, não nos deixe cair nas mãos da Kalmasapada."



Srutasoma ficou comovido corn os seus argumentos e seu amor para com ele. Não obstante, disse-lhes que tinha que ir.





"Desde que nasci, nunca disse uma mentira. O único caminho para que possa governá-lo é levá-los à estrada da felicidade, mas uma mentira não pode fazer isso. Fiz uma promessa e agora devo dar um bom exemplo cumprindo-a. A minha própria vida é indigna em comparação com este nobre princípio."





Kalmasapada estava esperando por Srutasoma quando ele chegou aos seus portões. Ele levou Srutasoma ao seu lado e disse:





"O senhor é realmente um homem de palavra. Nunca encontrei um como o senhor. O senhor dá muito mais valor à verdade do que ao dinheiro ou à sua vida. Por favor, diga-me por que faz isto."



Srutasoma então explicou os princípios básicos da Lei Budista ao seu captor. Ele disse que o homem deve viver uma vida honesta e deve respeitar a dignidade e a igualdade dos outros; a vida somente melhorará quando os cabeças do estado tiverem compaixão e benevolência para com os seus súditos.





Kalmasapada ficou profundamente comovido com estas palavras e após um instante, disse o seguinte:





"Agora vejo a verdade das suas palavras e vejo o valor dos seus ensinos. Compreendo que a pessoa deve certamente entesourar a vida humana e respeitar a dignidade dos outros. Claramente, as minhas ações estavam erradas. Srutasoma, o senhor deu-me uma lição verdadeiramente valiosa. Não posso e não o aprisionarei e direi imediatamente aos meus guardas para libertar os outros reis da minha prisão."



Assim Srutasoma e os outros reis retornaram, cada um aos seus respectivos países. Desde então ninguém mais ouviu o Rei Kalmasapada capturar alguém novamente.





Ele se tomou um melhor homem e um melhor governante graças à sua sabedoria e devoção à Lei Budista.

Parábolas de Buda


                                           
                                                            


A BELEZA TRANSITÓRIA


Há muito tempo, quando o Buda Sakyamuni estava no Pico da Águia, houve uma cortesã chamada Lótus, na cidade de Rajagriha. Ela era mais bela do que qualquer outra mulher da cidade, e não parecia haver ninguém que pudesse se igualar à sua beleza.





Todas as mulheres a invejavam e todos os homens a adoravam. Por tudo isso, um dia, Lótus concebeu um desejo de iluminação e decidiu segregar-se dos assuntos mundanos, tornando-se uma freira budista.



Ela partiu para o Pico da Águia para visitar o Buda Sakyamuni. No caminho, sentiu sede e parou num riacho de águas límpidas. Quando estendeu suas mãos para a água, ficou impressionada com o reflexo de seu rosto na superfície e foi cativada pela sua própria beleza.





Seus olhos claros, seu nariz afilado, lábios vermelhos, maçãs rosadas, cabelos exuberantes, e a perfeita harmonia de suas feições combinavam completamente, convencendo-a de que era extraordinariamente bela.





Ela pensou: "Que mulher bonita sou eu! Por que pensei em querer deixar de lado este corpo belo e viver como uma freira budista? Não, não farei isto. Com uma beleza como a minha, tenho certeza que encontrarei a felicidade. Que idéia tola a de me tornar uma asceta." Imediatamente, ela virou-se e começou a retornar o caminho que havia feito.



No Pico da Águia, o Buda Sakyamuni havia assistido Lótus durante o tempo todo. Ele achou que estava na hora de ajudá-la a desenvolver o desejo de iluminação.





Utilizando-se de seus poderes ocultos, o Buda transformou-se numa mulher extraordinariamente bonita, muito mais bela ainda do que Lótus, e a esperou no caminho ele Rajagriha.



Desconhecendo a intenção do Buda, Lótus, enquanto imaginava vários prazeres mundanos, encontrou uma mulher desconhecida muito bonita no sopé de uma montanha.





Atraída pela sua beleza, Lótus dirigiu-se espontaneamente a ela: "Você deve ser estranha por aqui. Para onde está indo completamente sozinha? Você não tem marido, filhos, irmãos? O que uma mulher tão bonita está fazendo aqui totalmente só".





A desconhecida respondeu: "Estou voltando para a cidade de Rajagriha. Sinto-me um tanto quanto solitária caminhando o trajeto todo. Se não for inconveniente, poderia acompanhá-la?"



As duas mulheres logo se tornaram bastante amigas e viajaram juntas pela colina.Quando passaram por um pequeno lago, decidiram descansar um pouco. Elas sentaram-se na grama e conversaram por algum tempo.





Enquanto Lótus falava, ela repentinamente adormeceu, com sua cabeça sobre os joelhos de Lótus. No momento seguinte, sua respiração cessou. Diante do olhar aterrorizado de Lótus, o corpo da mulher começou a degenerar exalando um odor cadavérico.





O corpo inchava grotescamente, a pele se rompia e as entranhas saíam e logo foram infestadas por vermes. O cabelo da mulher morta caiu de sua cabeça, seus dentes e sua língua separaram-se de seu corpo. Era realmente uma visão odiosa.



Vendo essa fealdade apavorante diante de si, Lótus ficou pálida, pensando: "Mesmo uma beleza celestial, é reduzida isso quando morre. Não obstante o quão confiante eu era de minha beleza, não tenho meios para saber por quanto tempo irá durar.





Oh! como fui estúpida! Devo procurar o Buda e buscar a iluminação." Então, Lótus dirigiu-se novamente ao Pico da Águia.



Chegando à presença do Buda, Lótus atirou-se diante dele e relatou-lhe o que havia acontecido a ela no caminho até lá. O Buda fitou-a com benevolência e pregou-lhe os quatro seguintes pontos:





todas as pessoas envelhecem; mesmo um homem muito forte infalivelmente morrerá; não importando o quanto a pessoa viva feliz com sua família ou amigos, o dia da separação certamente virá; e ninguém pode levar a sua riqueza para o mundo após a morte.



Lótus compreendeu imediatamente que a vida é efêmera e que somente a Lei é eterna. Ela aproximou-se do Buda e pediu-lhe que a aceitasse como sua discípula.





Quando o Buda deu-lhe a sua permissão, seus abundantes cabelos pretos caíram no mesmo instante e sua aparência transformou-se completamente na de uma freira budista.





Desse momento em diante, ela devotou-se sinceramente à prática budista, e atingiu eventualmente o estágio de arhat, sendo qualificada a receber os oferecimentos e o respeito das pessoas.